Ó meu Deus...
O que é feito do meu pensamento, ó meu Deus, o que é feito,
Trilhou por caminhos onde outros lindos rostos descoraram,
Sobrevivendo aos fados e agora se vê com o sorriso desfeito,
Lamentando delitos, que não interessam posto que, já passaram.
A antiga linha abrupta, recortada em mil e quinhentos pedaços,
Onde se esconderam aqueles encantos tão levianos e fracos,
Haverá de chegar uma hora exata para retornar aos velhos traços,
Poderá o poeta tão mudado, fazer um mosaico a partir desses cacos?
Não flutua mais sua alma pelo vale da imatura ilusão, ela caiu na real,
E olha seu horizonte com temperança, esperando o momento certo,
Mas quem não perceberia que não é essa a sua essência natural...
Do que aos outros soa normal, sua mente inquieta nem chega perto.
Que não se perca nada, ó meu Deus, nesse processo de contenção,
Nem a arte de ser quem sou, nem a glória de viver meu grande amor,
Ainda que o impulso ás vezes se sobressaia à calma, em meu coração.
E se possível for, dá-me um pouco de paciência e afaste de mim essa dor...