ERA MEIA-NOITE NUMA CIDADE QUALQUER…
E havia um desejo incontido
Reflectido nas luzes da avenida sem fim
Desejo
No corpo de uma mulher
No corpo de um homem
Era meia-noite numa cidade qualquer…
Os beijos confundiam-se
Com o bailado de copos
Escondendo segredos
Sublimando histórias de amor
Que apesar da multidão anónima
Eram nítidos
Tanto que estavam disponíveis para o que viesse
Para o que no futuro vier
Suspiros dicotómicos
Era meia-noite numa cidade qualquer…
Palavras
Em sonhos
De quem estava a dormir
Palavras
Cuja insónia consumia
Quem sabendo
Não sabia muito bem para onde ir
Era meia-noite numa cidade qualquer…
E Eu…
Eu era um misto
De tudo isto
Escrevendo
Ou tendo vontade de escrever
Amando-te
Ou fazendo por tal
Tendo vontade de te ver
Mas apenas liguei o telefone
Deixando que atendesses
Sem responder
À voz que amava mais que tudo
Pois temia
Ao falarmos
Poder
Te perder
Era meia-noite numa cidade qualquer…