ERA MEIA-NOITE NUMA CIDADE QUALQUER…

E havia um desejo incontido

Reflectido nas luzes da avenida sem fim

Desejo

No corpo de uma mulher

No corpo de um homem

Era meia-noite numa cidade qualquer…

Os beijos confundiam-se

Com o bailado de copos

Escondendo segredos

Sublimando histórias de amor

Que apesar da multidão anónima

Eram nítidos

Tanto que estavam disponíveis para o que viesse

Para o que no futuro vier

Suspiros dicotómicos

Era meia-noite numa cidade qualquer…

Palavras

Em sonhos

De quem estava a dormir

Palavras

Cuja insónia consumia

Quem sabendo

Não sabia muito bem para onde ir

Era meia-noite numa cidade qualquer…

E Eu…

Eu era um misto

De tudo isto

Escrevendo

Ou tendo vontade de escrever

Amando-te

Ou fazendo por tal

Tendo vontade de te ver

Mas apenas liguei o telefone

Deixando que atendesses

Sem responder

À voz que amava mais que tudo

Pois temia

Ao falarmos

Poder

Te perder

Era meia-noite numa cidade qualquer…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 23/03/2009
Código do texto: T1501518
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