E O TEMPO PASSOU
Diga, mesmo dissimuladamente,
que não foi sua culpa,
que ao insurgir-se
não desejava presentear-me
com os efeitos da desventura;
que o que fez, não
foi por maldade;
que apenas vacilou
quando decidiu sair,
e que sua vontade
suprema era voltar;
que nunca teve a intenção,
de dar seus lábios para
serem beijados por ninguém,
por serem somente meus;
que foi por ingenuidade
que se deixou levar,
tal era o anseio
de conhecer outros
termos de liberdade;
que permaneceu fiel
aos nossos sonhos,
mesmo que tenha passado
tantas primaveras ausente;
que ao adormecer,
seu último desvelo
era querer abraçar-me,
em razão do envolvimento
da saudade.
Por favor, não diga
que esse tempo todo foi sincera,
mesmo na vivência de outras esferas,
e longe dos impulsos
de minhas esporas...