Descompasso
Entre o que penso
e o que faço
Há um eterno descompasso
Entre o sonhar
e o amor
Há um amargo dissabor
Que cultivo como a dor
Que docemente carrego
Entre o que velo
e o que revelo
Há tua culpa e tua recusa
Que ternamente se desvela
Entre a dor e o ardor
E que eternamente me esfacela
entre teu deus
e o teu adeus
No suspiro dos amantes
No frio que ora e dantes
Minha espinha percorreu
Entre o ser que sonha
E a vergonha
Meu orgulho feneceu
E grandioso se espremeu
Entre meu canto
e o desencanto
ante a espera angustiada
que o destino prescreveu
Entre o que fui
e o que sou
o que serei se evolou
e entre o vir
e o devir
diante de mim se revelou
que entre o teu medo
e o meu amor
há sempre um sabor
de uma incerteza
que em ti silenciou
e que o desespero
em mim
enfim selou...
(12.12.2006)