Descompasso

Entre o que penso

e o que faço

Há um eterno descompasso

Entre o sonhar

e o amor

Há um amargo dissabor

Que cultivo como a dor

Que docemente carrego

Entre o que velo

e o que revelo

Há tua culpa e tua recusa

Que ternamente se desvela

Entre a dor e o ardor

E que eternamente me esfacela

entre teu deus

e o teu adeus

No suspiro dos amantes

No frio que ora e dantes

Minha espinha percorreu

Entre o ser que sonha

E a vergonha

Meu orgulho feneceu

E grandioso se espremeu

Entre meu canto

e o desencanto

ante a espera angustiada

que o destino prescreveu

Entre o que fui

e o que sou

o que serei se evolou

e entre o vir

e o devir

diante de mim se revelou

que entre o teu medo

e o meu amor

há sempre um sabor

de uma incerteza

que em ti silenciou

e que o desespero

em mim

enfim selou...

(12.12.2006)

Rafael Sampaio
Enviado por Rafael Sampaio em 22/03/2009
Código do texto: T1500548
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