A paixão dos palhaços
Talvez o teu mar seque-me de tudo
e nos teus desavisos eu mergulhe
e ache no fundo de qualquer silêncio teu
as águas que já nos consomem.
Gargalho no medo o que me chora a coragem
e, se avanço, não tens piedade,
e, se eu te pergunto, nada me dizes.
Sou a tua máscara e o teu aviso.
Se há más peças, temos regulares atos
e, se nada improviso, aplaudo o teu compasso
quando tu levas de mim todo o teu teatro.
Há um mar cheio do cheio
e uma máscara cobrindo o mundo.
É quando eu te perdoo que te amo mais profundo,
e quando te firo que mais me abandono.