AMOR INFIEL

Saem lâminas com gumes

de raiva e nojo da minha respiração,

friamente afiadas por desgosto

talhante do meu horizonte

adornado com ecos de morte,

que suga todo o sangue da minha alma.

Nos meus olhos

rastejam serpentes que envenenam

minhas lágrimas de pedra dura,

demolida pela poeira de ódio

esculpida nos meus suspiros,

baptizados por dor de traição

que enforca o luar sobre o manto da noite

onde as estrelas se transformam em espinhos.

Minha voz mendiga enlameada

num tumulo berço da solidão,

onde a erosão do tempo

assassina as minhas mãos

fedendo à escuridão

estripadora da paixão já morta

pelo gelo carrasco

do amor infiel.