Olhos nos olhos
Seu olhar me laçou
como o vento abraça a vela do barco.
Não me perca de vista...
Tens no olhar o poder dos xamãs e
a magia da ametista...
Não permita que eu insista,
deixe-me entrar!
Não deixe que eu desista ou me vá...
Não apague meu horizonte...
O efêmero tempo é breve...
Logo todos esquecem... só mesmo eu e você,
nos lembraremos do vento que entrou, arrepiou
e saiu, com a serenidade de monge...
Hoje porém estou assim, longe...
O vento ainda esfria minhas orelhas
balbuciando coisas de você...
Traduzindo suspiros atirados
de outras velas que tentaste guiar
tuas viagens... teus barcos...
Mesmo longe, ainda me guio pelo
que me restou do brilho de seu olhar...
Pelo menos o brilho não se perdeu...
Ele se alimenta do meu eu
que por um segundo, foi seu...
Que se deixou levar por um cantinho
de seus eus!
Pode chorar!
É só o que resta a
uma vela que viaja solteira!
Enquanto embaixo ha um velho
barco aos seus pés...suplicando
ventos do passado...
Estes são incapazes de mover
barquinhos de papel...
Porém movem esquadras de sonhos...