PASSÁMOS A SER…
Dois ecos na imensidão
Que por muito pequena que seja esta
Jamais se voltarão a encontrar
Pertencendo o som
A quem calharmos amar
Passámos a ser…
Palavras
Concisas
Concretas
Disfuncionais
Complexas
Que talvez juntas
Se tornassem hoje banais
Passámos a ser…
Ditames num mural
Que toda a gente vê
Mas que não liga
Pois falhámos o tempo
Em que tudo poderia ser possível
Tudo poderia ser normal
Passámos a ser…
Caras perfeitamente anónimas
Um para o outro
De tal forma
Que se nos cruzarmos numa rua
Recordaremos que o amor
Foi obliterado
Dando lugar
À tal infame
Mas hoje real
Ausência de nós para nós
Matando a saudade no ventre
Não permitindo sequer
A sua existência
Somos por isso estranhos
No sumiço do fogo eterno
Da sua cruel ausência
Passámos a ser…