" Ser ou não ser ... que importa

Aqui estou,

quase implexo, na penumbra de seu quarto.

Eu a fiz desnuda,

mas seus seios, timidamente,

escondem-se sob seus cabelos.

Sua boca em desvairo,

na timidez da minha, trêmula,

abre-se num botão de rosa para a vida.

Então repouso, já incontida,

minha boca sobre a sua.

Faço a mistura de minha tez,

em sua virtuosa e límpida nudez.

Agora já somos uma só alma.

Aqui estamos,

postados na mesma alcova.

Uma luz furtiva

quebra a escuridão.

E nós, quebramos os preconceitos.

Fui livre, no amor de uma virgem.

E você, na penumbra de seu quarto,

foi a flor que brotou, nasceu alguém.

O mundo de fantasias esvai-se.

Se não fomos nada,

que importa que sejamos ninguém.