POR TI…
Mergulhei
Em abismos tais
Que por serem tão profundos
E tão negros
Pareciam virtuais
Mas eram dolorosamente
Bem reais…
Inicialmente
Com a leveza aveludada dos sonhos
Mas depois
Com a aura dos mais perigosos
E aventureiros pesadelos
Dos quais
Apesar de se terem passado
Mais de mil anos
Ainda deles tenho medo
Medo de partir
Rumo ao desconhecido
De arranjar demasiadas vidas
E faces
Quando era e é
Apenas uma
Que realmente preciso
Medo
De as feridas voltarem a abrir
Fazendo com que tema voltar a amar
Olhando o Amor
Como uma cicuta
Que lenta
Mas seguramente me possa envenenar
Medo
De perder a fé em Ti
Medo de voltar à estrada
Voltar a caminhar
Temendo até a minha sombra
E aquilo que possa encontrar
Medo
Terrível
Angustiante
Asfixiante
De me recusar
A outra pessoa
O meu coração dar
Medo que as palavras
A poesia
Se transforme
Num enorme lugar comum
Num circulo vicioso
Do qual
Não seja capaz de sair
Medo da ternura
Que alguém me queira dar
Medo de não a saber
Como a receber
Como a aceitar…