POR TI…

Mergulhei

Em abismos tais

Que por serem tão profundos

E tão negros

Pareciam virtuais

Mas eram dolorosamente

Bem reais…

Inicialmente

Com a leveza aveludada dos sonhos

Mas depois

Com a aura dos mais perigosos

E aventureiros pesadelos

Dos quais

Apesar de se terem passado

Mais de mil anos

Ainda deles tenho medo

Medo de partir

Rumo ao desconhecido

De arranjar demasiadas vidas

E faces

Quando era e é

Apenas uma

Que realmente preciso

Medo

De as feridas voltarem a abrir

Fazendo com que tema voltar a amar

Olhando o Amor

Como uma cicuta

Que lenta

Mas seguramente me possa envenenar

Medo

De perder a fé em Ti

Medo de voltar à estrada

Voltar a caminhar

Temendo até a minha sombra

E aquilo que possa encontrar

Medo

Terrível

Angustiante

Asfixiante

De me recusar

A outra pessoa

O meu coração dar

Medo que as palavras

A poesia

Se transforme

Num enorme lugar comum

Num circulo vicioso

Do qual

Não seja capaz de sair

Medo da ternura

Que alguém me queira dar

Medo de não a saber

Como a receber

Como a aceitar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 18/03/2009
Código do texto: T1492838
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