Dois distintos corações
Tenho um coração
sem peito e sem amor
que mora em si próprio e cheio de desamor
porque é pão sem trigo,
cruz e castigo
em certa carta que já se desencantou.
Canta, coração, sonha e ama,
faz de conta que é só manha
o que parece sentires do teu pranto
como se em transe vivesses
e por medo perdesses
o doce namorador de tua alma.
Tenho um outro coração
amado e justo
que ama até por descuido,
mas que ama!
Tenho, e por que não,
um lindo coração dentro do peito,
dividido entre a tempestade e o silêncio,
tenho!