ESPAÇO BREVE

Aos áureos curtos espaços de felicidade,

curvo-me numa singela reverência,

limitando aos lamentos por tão breves.

Rompe nuvem, pássaro de prata!...

leva junto minha saudade.

Da parca luz se estende o longe,

parte efêmera já adormecida,

de tudo que foi, de nada ter sido,

nem mesmo os sonhos postos pela vida.

Mergulhe nas nuvens cor de prata,

solte bem longe toda minha mágoa.

E hoje tão longe do que era perfeito,

do breve espaço, apenas retido,

registro da mente, sonho desfeito;

cativo as folhas, desfolho páginas,

deflorando donzelas, noites pequenas,

sangradas pelas manhãs.

Corte o espaço, pássaro de prata,

despeje minha saudade pela vida...

que partícula por partícula, farei juntas,

esculpindo o espaço breve de felicidade,

estarás no pedestal retida.