MARES DE MIM
Outro dia o amor me pôs na berlinda,
e perguntou se eu já não queria viver.
Eu disse que, mais que amar, importava
para mim navegar.
O amor pareceu não entender,
mas afirmei que, para amar,
nos é necessária a inteireza,
a completude de estar.
Amar é estar inteiro
na jornada que se quer seguir.
E não consigo amar de outro jeito:
amar pela metade, penso, é não amar.
E hoje sinto-me metade,
por isso prefiro navegar.
O mar é tormentoso:
que ilha irá me salvar?