Poema 0672 - A noite

O manto da noite me abraça como a saudade que machuca,

sou como água que escorre lentamente do telhado,

gotas abandonadas pela chuva que passou rápido,

é hora de parar os sonhos e ir a busca do tempo perdido.

Embrulho minhas razões em um papel descorado como a noite,

junto às dores e jogo numa poça que antes eram lágrimas.

Dou o primeiro passo sentindo contrario o vento que sopra,

sinto ter asas, uma ao menos, posso voar.

Ainda é noite mesmo depois do amanhecer brilhante do sol,

o mar continua revolto em meus pensamentos.

Existe um frio alegre na lembrança do beijo que ficou,

deixo que arda o lábio até que seu gosto volte a boca.

Ansioso, ando lento sobre um passado quase presente,

pareço embriagado por um sentimento bruto de prazer,

caminho noite adentro tentando fazer dos sonhos realidade,

não sou um desesperado descobridor de esconderijos.

Já não tenho dores que perturbam minha carne bruta,

apenas um pouco de tristeza que deixo cair pedaços pela estrada,

continuo o meu caminhar, apesar da muralha negra a minha frente,

do outro lado existe o desejo de ser feliz.

Minha carne está tremula sobre meus ossos gelados,

sinto que não é hora de desistir, preciso encontra-la.

Sou como um rio que saiu do seu leito e tenta voltar,

impossível se nada enxergo neste escuro que o amor deixou.

Posso e vou conseguir derrotar minha angustia,

ainda esta noite meu corpo precisa do abraço quente.

A solidão impregnou seu escuro na minha alma pecadora,

voltarei um dia, amanhã, homem e amante.

Preciso do amanhecer da mulher amada ao meu lado,

o beijo, depois o bom-dia com o ''te amo''.

02/05/2006

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 02/05/2006
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