Meu Sacrifício (Um sonho traduzido em poesia.)

Meu Sacrifício

...Abri meus olhos.

Havia escuridão à minha volta.

Eu via apenas meu próprio reflexo nas trevas que se refletiam como espelhos...

Estranhamente vestido como uma longa capa negra e segurando uma adaga.

Havia um único som...

O uma chuva de grossas gotas.

Tal som parecia vir de fora, talvez de outra dimensão, certamente eu tinha um dom...

Ouvir as coisas muito além das outras pessoas.

...Respirei.

E num rápido raio de segundo, me vi encharcado pela tal chuva que eu ouvira.

Então olhei...

Havia inúmeras pessoas à minha volta.

Todas me olhavam...

E não desviavam seus olhos.

Sentia que me investigavam.

Até pareciam me acusar, como se eu fosse uma espécie de anomalia dos sonhos.

Comecei a imaginar que iriam me atacar.

Mas isto foi afastado de minha mente por um grito, uma voz familiar e especial.

Virei-me para olhar...

E vi uma linda garota, que é extremamente especial para mim em minha vida real.

Seu nome...

Como a junção das estrelas com a lua brilhante...

Do céu e a terra.

Da noite com o sol nascente e incandescente.

Vestida de preto e dourado.

Me olhava fixamente nos olhos...

Ela parecia se afastar cada vez mais e isso me deixava atordoado.

Eu não poderia deixar que ela fosse, não poderia perder a causa e razão dos meus sonhos.

Senti de repente que uma força se apoderou de mim, então corri até ela.

Porém, um segundo depois, eu retornava ao mesmo lugar...

E assim, quanto mais ela se afastava, menos eu podia vê-la.

E sempre nesse mesmo ritmo, eu a vi desaparecer de vez e não a pude mais enxergar.

Diante disto, perdi meu equilíbrio e caí de joelhos no chão...

A dor, a tristeza, a angústia tomaram conta de mim e me fizeram desatar em lágrimas.

Senti, e compreendi..era como se uma lâmina cega, tivesse rachado meu coração.

Todas as minhas lágrimas congelavam o chão, estando também congeladas.

Chorei por mais algum tempo e logo senti minha energia sendo drenada.

Então, perdendo a força dos joelhos, caí de bruços no chão.

Toda a superfície estava completamente congelada por causa de cada lágrima derramada.

Mas eu sentia, podia ter sido em vão.

Eu sentia ódio de todas àquelas pessoas.

Poderiam me ajudar se quisessem, mas ao invés disso, me observavam, absolutamente paradas em meio à chuva.

Eu via seus pés agrupados à minha volta, mesmo com as gotas da chuva caindo soltas.

Então, diante do meu fracasso, desisti...fechei meus olhos e me fiz uma promessa...

Nunca mais acreditar na bondade das pessoas e em nada.

E, até que eu mesmo esqueça...

Serei um descrente, apenas uma andante alma.

Então, a adaga que eu segurava me surpreendeu.

Desvencilhou-se sozinha de minha mão e se pôs de pé com a ponta encostada no chão.

Desatando logo depois a girar, e o gelo que havia se formado se dissolveu.

A adaga, se tornava prateada, de um brilho quase lunar, e dissipava a escuridão.

Lentamente, foi parando de girar...

E logo depois de parar, de sua ponta saiu um pequeno facho de luz branca.

A adaga caiu logo em seguida no chão, apontando uma direção...então vi o rastro de luz o marcar.

Acreditei que esse rastro me levaria até Ana.

Tirei forças do último lugar de minha mente...

E segui o caminho que o rastro de luz apontava...uma luz discreta.

Aquelas pessoas, antes imóveis e silenciosas, agora me seguiam e suspiravam discretamente:

“Sua vida pela dela!”

Ao final do caminho, pude novamente olhar nos olhos de minha amada...

Presa pelos pulsos a dois troncos e duas correntes vermelhas.

Sem pensar duas vezes, ataquei uma das correntes, mas não obtive nenhum resultado...Ela não foi sequer nem aranhada.

Me desesperei, mas o modo como Ana me olhava...Seus olhos ainda continham o brilho das estrelas.

Resolvi tentar mais uma vez com a última fagulha de esperança.

Porém a adaga, espontaneamente, caiu de minha mão e se partiu em vários pedaços.

Sobrou apenas um pequeno pedaço e resolvi usá-lo, já que não havia distância.

Com o pequeno espaço me aproximei para diminuir os espaços...

Não iniciei o movimento de ataque, uma gota de sangue escorreu de minha testa, que estava ferida e eu não havia percebido devido à minha preocupação.

Caiu sobre uma das correntes, mas teve um efeito muito estranho, fiquei surpreso...

Meu sangue dissolveu o material da corrente exatamente onde caiu e tocou o chão.

Então, aquela frase: “Sua vida pela dela!”, fez sentido .

Não perdi tempo, usei o estilhaço da adaga para cortar meus pulsos e deixar fluir sobre aquelas correntes a minha vida.

Meu sangue dizimou completamente as correntes e eu caí ao chão absolutamente pálido, alvo.

Antes de me perder no nada, vi Ana se libertar e flutuar em minha direção...então deixei meu espírito vagar na estrada imortal esquecida.

Vi pessoas, meus ancestrais talvez, acenando para mim e também uma criança que me estendia à mão...Então segurei sua pequena mão e me senti flutuar muito alto.

Segundos depois, surpreendentemente abri meus olhos.

Eu estava deitado em uma cama, ao meu lado, sentada em uma cadeira e com a cabeça por cima do braço estava Ana, adormecida.

Parecia, sinceramente que eu havia saído de um de meus sonhos.

Mas isso foi afastado de minha mente pelo calor dos raios de sol da primavera que vinham da janela...uma visão esplendida.

Olhei novamente para minha querida e bela Ana...sua beleza parecia ainda mais angelical, em uma expressão divina.

Estava acordando...Seus belos olhos à medida que abriam, brilhavam com a luz do sol...Então ela sorriu ao me ver acordado.

Meu coração reagiu e disparou, não havia visão mais bela do que aqueles olhos, ou paz maior do que aquele sorriso...Ela realmente era a minha vida.

Ela pôs sua mão sobre a minha e eu senti um carinho além da compreensão...Era como se o próprio universo tivesse conspirado.

Olhou profundamente em meus olhos...E me disse palavras com o brilho de seu olhar, que eu respondi com o meu...

Palavras que o sol diz a lua...

Toda vez que ele nasce...

...