Colhe a flor do teu jardim, amor!
Colhe a flor que regaste e que cresceu...
(- Era uma flor-menina quando te conheceu...)
Foi teu amor que a alimentou,
Por ti viveu...
Colhe-a, pois chega o derradeiro instante:
Aberta a flor, leito macio...
Por ela perdeste o sono
Noites a fio...
Por ti suportou ela o vento
E todas as tempestades,
Pois eras o alento
A esperar...
Colhe-a...
Porque depois se desfolhará
E cairá ao chão
E pés desconhecidos amanhã a pisarão...
Ficará o perfume... Mas não por muito tempo:
A água da chuva e o vento
Para longe o levarão...
- Colhe-a enquanto há vida!...
Depois... Não vás ao cemitério das flores!
Não vás regar com tuas lágrimas
Uma rosa já sepulta
Na poeira dos caminhos...
A vida é uma só
E a ampulheta do tempo
É rápida demais! Tem dó
De ti e dela também...
- Colhe tua flor...
Talvez a deixes secar dentro de um livro,
Ou a coloques em uma redoma de vidro,
Mas terá seu estertor...
As flores têm vida breve...
- Colhe-a... Antes que a morte a leve...