Fale agora
Fale, agora, bem baixinho,
Que tenho asas de passarinho
Que todo vôo que te ofereço
Perfuma os ventos de teu caminho...
Fale, agora, bem baixinho,
Que tenho asas de passarinho
Que acomodadas em suas entranhas
Varrem como vento nas montanhas...
Fale, agora, bem baixinho,
Que minha boca de mel é feita
Que acolhe a sua, quase bêbada,
Viciando-se, como árvore, na colheita.
Ah...Meu amor, palavras poucas
Presas, pela metade, quase roucas,
Tingem, vermelhas, tudo que é negro
Fazendo, delas, palavras loucas.
Voe comigo, este espaço em branco,
Presos, apenas, pelos gritos
Surdos, abafados, suados, gemidos
Pouco ar, apenas sentidos.
Fale agora...