PEDIDO (Retrô)

Se me pedes para esquecer-te, digo que não posso!

Há uma força que suplanta as torrentes de um vulcão;

Há uma onda que avassala muito mais que a ressaca do bravio mar;

Há um embate que esmigalha o resistir do coração;

Há um impossível impenitente, que é o de ti não vir pensar!

Se me pedes meu desamor, não te posso atender!

Há um renascer que somente as cinzas da paixão poderiam produzir;

Há um odioso te esquecer que persiste desaguando nesse amar;

Há um semblante subjugado nessas arenas, por querer não te sentir;

Há este que semeia em demasia teu repelir, mas só colhe o teu buscar!

Se me pedes a outra possuir, digo que desistas!

Há braços que afagam, mas em vão, posto que de peito vazio;

Há lábios que se acham, mas iludidos, posto que as almas se repelem;

Há por umas e outras esse mero querer, mas por ti há um cio;

Há quem fuja de ti e te ache nas demais – onde em ti elas se perdem!

Se me pedes tua morte em mim, digo que és eterna!

Há um sol por testemunha, um cúmplice luar do meu sincero tentar;

Há uma forca incoerente, que sacrifica e pune meu persistente querer;

Há um morrer condescendente que somente vida põe-se a gerar;

Há um renascer em mim latente, quando de amor por ti me vejo a morrer!

E se me pedes que algo te peça: peço-te a mim!

Perdido em ti, que me devolvas o ser;

Envolto na paixão, que me restituas o coração;

Morto em solidão, que me soergas desse bucólico cair;

E que por fim me devolvas a mim, dando-me definitivamente a ti!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 13/03/2009
Código do texto: T1484714
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