Amanhãs

Quem me anseia, lastima a ausência,
perdido na noite, descoberto ao ar,
sofrendo a angústia de campos desertos.
Quem me busca na flâmula da liberdade
sem ver cores, nem lados, sem fórmulas exatas.
Quem tudo faz pela minha volta,
o retorno glorioso ao seio amado,
na certa, busca em vão o ouro negro.
Sou matiz desbotado pelo tempo,
pedra escura em solo barrento.
Jamais serei encontrado pelas mãos Divinas,
imaculadas, sedentas para dividir oferendas.
Ah, Deus, faça-me capaz de ser,
de ter o dom de tantos,
quero amar, ser amado pelo tudo,
pelos desejos, pelos sonhos passionais.
Quem me anseia, onde estará;
nos madrigais, nas manhãs?
Ou quem sabe nos amanhãs,
perdida na noite, descoberta ao ar,
em campos desertos,
ou talvez mesmo, buscando me encontrar.