lábios errantes

quero lábios errantes

palavras ébrias

soltas e desconexas

quero metáforas

improváveis e perecíveis

numa hipérbole redundante

quero teu verbo

secreto e rufião

a me explorar despudoradamente

quero o farfalhar dos fonemas sibilados

e num cochicho entender a sedução subliminar

e, se nada disso for possível

resta a imaginação

vou saqueá-la, vou seqüestrá-la

e torturá-la com mil e uma possibilidades

inventadas instantaneamente

a girar num corpo sem hemisfério,

sem eixo de simetria

quero a assimetria absoluta

dos sentidos contundentes

quero gritos,gemidos e

grunhidos

ininteligíveis

a falar da razão dos instintos.

falsificando a filosofia da

indiferença

do risco indiscreto das

margens do rio

que já secou.

as montanhas que hoje são pó

das nuvens que foram chuvas

e que já foram lágrimas do Olimpo.

quero nos lábios errantes

ouvir o som de meu nome

e emprestar identidade ao momento.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 11/03/2009
Código do texto: T1481431
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.