POEMAS PROFANOS: Asas de manteiga quero...

Florbela, no soneto «Frieza», denuncia ou queixa-se:

Os teus olhos são frios como espadas,

E claros como os trágicos punhais;

Têm brilhos cortantes de metais

E fulgores de lâminas geladas.

Eu, ao contrário dela, vejo...

nos teus olhos os fogos das estrelas...

não!: do Sol piedoso em luzes e mistérios...

Asas de manteiga quero,

borboleta atrevida,

e voar em ténue desafio

até os brilhos que dos olhos

em faíscas suaves descem moles:

e neles me fundir, prendido à ternura

de te amar, fulgor anelante

da carne consentida...