o tempo derrado entre os dedos das maos

Meu tempo se esconde

Detrás da casa

Meu tempo está embaixo da mesa

E da cama

Meu tempo tem mãos à frente do rosto

Meu tempo se entorpece quando alguém está perto

Agachado

Triste

Desconfiado

Meu tempo se envergonha

O tempo que é meu quer falar

E dizer o sol da manha

E o verde dos coqueiros

Meu tempo que colher painas

Adormer de tanto existir

Meu tempo é minha nave

Meu corpo

Minha vida

A Geni desprezada

E o cascudo do pai

Meu tempo se escorrega quando choro

Quando riu

E quando amo

Tempo que de mim se esvai

E de mim falece

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 11/03/2009
Código do texto: T1481250