o tempo derrado entre os dedos das maos
Meu tempo se esconde
Detrás da casa
Meu tempo está embaixo da mesa
E da cama
Meu tempo tem mãos à frente do rosto
Meu tempo se entorpece quando alguém está perto
Agachado
Triste
Desconfiado
Meu tempo se envergonha
O tempo que é meu quer falar
E dizer o sol da manha
E o verde dos coqueiros
Meu tempo que colher painas
Adormer de tanto existir
Meu tempo é minha nave
Meu corpo
Minha vida
A Geni desprezada
E o cascudo do pai
Meu tempo se escorrega quando choro
Quando riu
E quando amo
Tempo que de mim se esvai
E de mim falece