DEVANEIOS
Onde foi que ouvi teu nome?
Talvez no vento macio e leve.
Foi um sussurro calado, breve,
mas foi dele que teu nome escutei.
Onde vi teu busto, cisne branco, desnudo?
Talvez, bailando naquela nebulosa
que pairou, densa, te servindo de escudo
contra os píncaros postados da minha paixão.
Ah, mas onde vi teus olhos verdejantes?
Já sei, entre as ondas azuis e bravias,
eram duas contas febris, perscrutantes
ao encontro dos meus, pequenos e humildes.
Mas, onde te vi totalitária,
de corpo inteiro ao meu abraço?
Ah, Deus, só podia ser mesmo solta,
despida entre as coisas que componho;
num jogo fantástico de vocábulos
embutido ao amor, num imenso e fruitivo sonho.