Pelo meu inglês sem majestade
Desculpa se não sei as mãos em ti
Se basta amarrar as minhas às tuas
E uma paralisia estatiza meu corpo
E sinto a aridez de pedras nuas
Cortas minhas costas e interromper meus atos
Desculpa se o querer tem desses hiatos
E se o desejo é depois e não agora
E vê como eu te deixo ir embora
Mas não sem muito pesar, muita tristeza
E essa é toda minha natureza
Já passa de cautela, é mais cruel
E quase não agüento os meus olhos
A acompanhar-te pelo caminho adentro
Desculpa se te beijo muito lento
É que me dá um lânguido cansaço
E os pés já não aguentam tão pesados
E as mãos então se prendem braços, laços
E enfim te largam autocomiserados
Desculpa se aquém me permaneço
É que o aquém já me é suficiente
Quando nos olhamos e enrubesço
Quando és tão segura e insipiente
Que não me faz lembrar ninguém, eu te prometo
Desculpa se pergunto friamente
Mas há uma esquírola a perfurar meu peito
Que me faz revolver-me no meu leito
E acordar demais e bruscamente
Mesmo com toda história, toda hora,
Um rastro no meu corpo embolora
Ao vir a minha mente um talvez
Pergunto então se não sou teu capricho
Se não sou tua nuance mais profunda
Se sou só um brinquedo, ou teu sorriso
É de fato a verdade a me aprazer
Dispo-me agora do meu corpo frágil
E todas frases feitas, meus adágios
Dispo-me agora da minha armadura séssil
Tão presa em meu mundo emetizado,
Privado dos amálgamas que te formam
Serrados por dois olhos amancebados
E por um esqueleto podre e fóssil
Desculpa se me posso ser deficiente
Ou tão precipitado hora ou outra
É que meu corpo treme em pensar-te
E que meus ouvidos sentem-te de repente
É que és presença avassaladora
Como uma sombra hostil devastadora
Que me desola o coração e a mente
E murcha em minha boca a linda rosa
E me ebaniza a aurora, flor do dia
E tranca-me a garganta e os dentes,
Pois não encontra cor na minha prosa
E nem palavras na minha poesia