Pelo meu inglês sem majestade

Desculpa se não sei as mãos em ti

Se basta amarrar as minhas às tuas

E uma paralisia estatiza meu corpo

E sinto a aridez de pedras nuas

Cortas minhas costas e interromper meus atos

Desculpa se o querer tem desses hiatos

E se o desejo é depois e não agora

E vê como eu te deixo ir embora

Mas não sem muito pesar, muita tristeza

E essa é toda minha natureza

Já passa de cautela, é mais cruel

E quase não agüento os meus olhos

A acompanhar-te pelo caminho adentro

Desculpa se te beijo muito lento

É que me dá um lânguido cansaço

E os pés já não aguentam tão pesados

E as mãos então se prendem braços, laços

E enfim te largam autocomiserados

Desculpa se aquém me permaneço

É que o aquém já me é suficiente

Quando nos olhamos e enrubesço

Quando és tão segura e insipiente

Que não me faz lembrar ninguém, eu te prometo

Desculpa se pergunto friamente

Mas há uma esquírola a perfurar meu peito

Que me faz revolver-me no meu leito

E acordar demais e bruscamente

Mesmo com toda história, toda hora,

Um rastro no meu corpo embolora

Ao vir a minha mente um talvez

Pergunto então se não sou teu capricho

Se não sou tua nuance mais profunda

Se sou só um brinquedo, ou teu sorriso

É de fato a verdade a me aprazer

Dispo-me agora do meu corpo frágil

E todas frases feitas, meus adágios

Dispo-me agora da minha armadura séssil

Tão presa em meu mundo emetizado,

Privado dos amálgamas que te formam

Serrados por dois olhos amancebados

E por um esqueleto podre e fóssil

Desculpa se me posso ser deficiente

Ou tão precipitado hora ou outra

É que meu corpo treme em pensar-te

E que meus ouvidos sentem-te de repente

É que és presença avassaladora

Como uma sombra hostil devastadora

Que me desola o coração e a mente

E murcha em minha boca a linda rosa

E me ebaniza a aurora, flor do dia

E tranca-me a garganta e os dentes,

Pois não encontra cor na minha prosa

E nem palavras na minha poesia

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 09/03/2009
Código do texto: T1476726