CATAVENTO
CATAVENTO
Louvado seja o vento que sopra
Minha aflição vai-se embora
Como bolhas de sabão
Eternas bolhas soltas
Na multidão
O porto já se descobre no horizonte
Como quem descobre a nudez do amor
Sobre um lençol de mais linda cor
Um dia navegante que fui
Caminhei por mundos
Obscuros mundos
Abstratos e imundos
Mas hoje o vento sopra no cais
Já é noite em mim
Queimei as últimas velas
Que agora mortas
Desmancham nos castiçais
Fui marinheiro de muitas lágrimas
Capitão da própria dor
Amei errado... Mas amei
Vivi paixões tórridas
Mas chorei os beijos que nunca dei
Sendo assim então... Louvado seja o vento que me trás
Ele pouco a pouco apaga os rastros
Que deixei atrás