Poemas de Amor

Não sei escrever poemas de amor.

Esgotei-os numa só paixão.

Naquela que me ensinou o amor.

Foi numa época em que morria lentamente.

Como um náufrago tentava não soçobrar em mar alto.

Vieste não sei de onde e estendeste-me a tua mão.

E estava de tal forma entorpecida pela água gélida que só te via as mãos.

E escutei uma voz longínqua que se foi tornando quase ensurdecedora que me

encheu os pulmões de vida, me aqueceu o sangue e despertou. Para a vida. E

esta metamorfoseou-se então num imenso carrossel, de voltas imprevisíveis.

Nunca me assustei. Estavas sempre ali.

Com as tuas palavras para me acalmar.

Um dia foste embora.

Recordo-te hoje para não te perder.

Para não perder a convicção no potencial da paixão, na consistência do amor.

E observo a rua. E a sua realidade barulhenta. E sei que sou uma sonhadora.

E revivo aqueles momentos como se fossem os primeiros e os últimos.