Você e eu... Um só

Os mesmos olhos da cor das folhas do campo,
o mesmo sorriso franco, aberto ao infinito.
A mesma altivez portentosa da gazela,
a mesma insensatez, querendo-me sempre pra ela.
O mesmo carinho
feito de lírios, colhidos na primavera.
A mesma fé pela longa espera.
Nada é mutável em você,
seu interior desvendado por mim,
abrigo dos meus infortúnios,
teto das minhas ilusões,
alcova dos momentos de paixões.
Assim você se fez,
me criei em seu mundo,
sou pétala, você a única flor.
Sou também galho, rígido,
você a raiz que me sustenta.
Sou chuva fina, gélida,
corro para os rios,
você é o leito que me afaga.
E quando sou rio, humilde riacho,
você se torna oceano, mar profundo
que abraça, existindo um só.
Quando sou mar, você é praia,
areias quentes, onde termino em ondas.
E quando você é oxigênio,
sou ação poluidora... sou pó.
Mas, quando você for terra, virgem, agreste,
aí sim, poderei morrer e mais uma vez você me receberá.
E como nada é mutável sairei de você,
amplo como seu sorriso, na altivez dos olhos verdes,
na insensatez de ser seu, nem que seja em um cipreste.