POEMAS PROFANOS: Que fizeste, Amor?

«A mulher de Sansão, desfazendo-se

em lágrimas junto dele, disse-lhe:

"Tu me odeias; tu não me amas.

"Propuseste um enigma

"aos filhos do meu povo

"e não mo explicaste!"

"Nem sequer aos meus próprios pais

"eu o expliquei, respondeu ele,

"e haveria de explicá-lo a ti?"» (Juízes 14, 16)

...

Meu Amor, desconhecido ainda,

pretendes que explique o teu enigma,

quando eu nem sequer o enxergo?

Procura dar razão das tuas obras:

Faz com que os lírios sejam lírios

e margaridas as margaridas claras.

Não me induzas a errar impunemente:

Sou mortal, não sou divino:

Ignoro as razões das ondas e dos mares

e dos terramotos repentinos

e dos sentires das gentes tuas...

Poema dirigido à Galiza, ao povo da Galiza, às gentes galegas...