Desejo

Desejo o beijo, o ego, o desejo

Assim me vejo, restos de espera

É brando e cego, resta-me o ensejo

Beijo o desejo, e nós, os nós dos dedos

Eu apodreço de não realizá-los

Sem risco desconstruo o que sou

De sonhos cresço, de não tê-los calo

Não deixo que se acenda o frágil fogo

Arisco ou fraco, não me arrisco à causa

Sobra o desejo, a emoção e a pausa

De quando eu vejo meu amor assim

E o tempo engole a dura derrocada

Mas não me lanço no sem-fim abismo

E meu amor também não vai por mim

E quando o seu ar mui perto sinto

Controlo o peito a externar minha ânsia

Pois eu não sou mais ser na burra infância

Nem eu sou inseto que obedece o instinto

Não vou voar para o sol e encontrar lâmpada

E nem morrer na luz da minha ignorância

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 02/03/2009
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