Desejo
Desejo o beijo, o ego, o desejo
Assim me vejo, restos de espera
É brando e cego, resta-me o ensejo
Beijo o desejo, e nós, os nós dos dedos
Eu apodreço de não realizá-los
Sem risco desconstruo o que sou
De sonhos cresço, de não tê-los calo
Não deixo que se acenda o frágil fogo
Arisco ou fraco, não me arrisco à causa
Sobra o desejo, a emoção e a pausa
De quando eu vejo meu amor assim
E o tempo engole a dura derrocada
Mas não me lanço no sem-fim abismo
E meu amor também não vai por mim
E quando o seu ar mui perto sinto
Controlo o peito a externar minha ânsia
Pois eu não sou mais ser na burra infância
Nem eu sou inseto que obedece o instinto
Não vou voar para o sol e encontrar lâmpada
E nem morrer na luz da minha ignorância