AMOR - ANJO DAS PROMESSAS TORTUOSAS



À VILA BAIANA EM GUARUJÁ


Torrencial, desceu a lama que o barraco bem construído fingiu que esqueceu,
Desceu... As águas comuns ao escárnio daquele, que ao ciclo dos anos prometeu
E esquece o que prometeu. Sepulturas abertas. Expõe o cadáver: raízes em leque!
Um choro lá no alto, um sibilo aqui embaixo, a morte é inconseqüente moleque:

Traga a alegria, estorva o sono do alcaide e põem em alerta o anjo da promessa,
Anjo comprometido até as asas com, com a migração desenfreada, anjo sem pressa
Que no decorrer das décadas é vaidoso profeta, afirmando que no sul o vento é liso
Que barraco é castelo, que a chuva é mel, escorregando do céu, iluminando o sorriso.

E vem de lá, a mamãe, o papai, os filhinhos para a moradia, que do morro se irradia,
Em luzes noturnas para o mar, para o céu... Uma bem formada vila baiana!
Vila de baianos, sergipanos, alagoanos... Todos fiéis a alegria:


Da família reunida, do pão divido, do abraço do amigo conterrâneo da baiana
E amigo é para isto, para socorrer a comunidade, ajudar a temer, morrer o que for morrer
E se for do desejo de deus nosso senhor, rezar; no luto daqueles que deus tirou do sofrer!



QUARTA FEIRA, 25 DE FEVEREIRO, MADRUGADA. TINHAM: 09 E 06 ANOS MORTOS NA ENXURRADA. RECÉM CHEGADOS DO NORDESTE, NA FAVELA, O TUMULO, A MORADA!
A FOTO É DOS PÉS DE UMA MENINA DO CONGO, MAS...
Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 01/03/2009
Reeditado em 01/03/2009
Código do texto: T1464077
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