SIMBIOSE QUASE MORTAL
A luz incide
E bate em nós
Iluminando as nossas sombras
Os nossos medos
Tendo o condão
Da obscuridade reinar
Aqui
E em nenhum outro lugar
Porque não precisamos de importar fantasmas
Dado sermos exportadores
Desse tipo de fatalidades
Que não nos matam
Mas consomem por dentro
Dilaceram
A nossa realidade
Nesse absurdo
Dicotómico
E ilógico
De sermos a sombra um do outro
E ao mesmo tempo a claridade
Só sendo felizes
Quando os nossos extremos não se tocam
Misturando então amor e amizade
Sendo depois
O cenário
Por demais conhecido
Quero-te
És a minha camarada
De todas as lutas
Mas tenho que partir para elas só
Porque assim
Não consigo estar contigo
Sendo bem mais fácil
Se só nos encontrássemos no ocaso
Para saciar a mutua fome corporal
Sem palavras belas
Que tudo poderiam estragar
Sem mesmo
Cruzar o olhar
De forma
A evitar
Momentos de ternura
Que depois de passados
São uma memória
Que nos tortura…