SIMBIOSE QUASE MORTAL

A luz incide

E bate em nós

Iluminando as nossas sombras

Os nossos medos

Tendo o condão

Da obscuridade reinar

Aqui

E em nenhum outro lugar

Porque não precisamos de importar fantasmas

Dado sermos exportadores

Desse tipo de fatalidades

Que não nos matam

Mas consomem por dentro

Dilaceram

A nossa realidade

Nesse absurdo

Dicotómico

E ilógico

De sermos a sombra um do outro

E ao mesmo tempo a claridade

Só sendo felizes

Quando os nossos extremos não se tocam

Misturando então amor e amizade

Sendo depois

O cenário

Por demais conhecido

Quero-te

És a minha camarada

De todas as lutas

Mas tenho que partir para elas só

Porque assim

Não consigo estar contigo

Sendo bem mais fácil

Se só nos encontrássemos no ocaso

Para saciar a mutua fome corporal

Sem palavras belas

Que tudo poderiam estragar

Sem mesmo

Cruzar o olhar

De forma

A evitar

Momentos de ternura

Que depois de passados

São uma memória

Que nos tortura…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 01/03/2009
Reeditado em 02/03/2009
Código do texto: T1463896
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