não me chamo Anacleta

quero ter esse homem

ainda vou ter esse homem

de que me lembro na rua

quando vejo outros homens

que faz com que eu fique nua

com as coisas que ele me diz

que faz de mim a meretriz

que nunca sei se mereço

um homem de quem nunca esqueço

do seu bigode enrustido

dos lábios grossos, doídos

de quando chupar-me a buceta

(eu não me chamo Anacleta)

adora dizer que o faria

numa manhã de domingo

é o que sempre me diz

depois seguiríamos pra Igreja

pra missa e um sorvete na praça

que quer que eu devota me faça

somente de Nossa Senhora

que quer que me apegue a ela

no que for mais caro pra mim

porque ele faz sempre assim

e nunca se arrependeu

que é, sobretudo, moreno

moreno assim como eu

que com os seus olhos pequenos

me faz desmaiar de sorrir

quando me diz sacanagens

inumeráveis, um monte

que sei que possivelmente

algumas já cometeu

que sei que ele já me comeu

sem nunca ter me possuído

que é lindo, bonito, atrevido

com o seu jeito macho de ser

quero esse homem pra mim

e sei que um dia vou ter...

Rio, 28/02/2009

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 01/03/2009
Reeditado em 02/03/2009
Código do texto: T1463212
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