CURVAS

Nas tuas montanhas insondáveis e vastas

(Nádegas, seios e malícias)

Vagam minhas entranhas fecundas e castas

(Ventre, umbigo e delícias),

Por isso supor-lhe-á o mundo desvios tantos

(Volúpias, coxas e desejos),

A encher-lhe de insuportáveis e belos prantos

(Saudades, perdões e beijos).

Em tuas tenras e leves pétalas rasgadas

(Esterco, broto e tesão),

Nas tuas raízes à flor da terra e mal regadas

(Chuva, tardes e verão),

Renasço, livre como o vento, em tuas pegadas

(Areia, estrada e destino)

E me entrego a ti virgem e feliz como chegadas

(Sorriso, bocas e menino).

Com as mãos cheias de chaves, me libertas

(Elos, cadeados e segredos)

E no teu colo proibido e repleto de ofertas

(Sono, abandono e medos),

Zonzo, pelos labirintos de tua mente sadia

(Poemas, livros e mais ninguém),

Repouso, sem prisões, minha insana travessia

(A loucura é o meu maior bem).