Paixão
De quantos olhares dissimulados,
Quantos devaneios desejosos,
Quanta subversão expressada,
É feito um jovem-apaixonado?
Quantos não’s precisa ouvir,
Quanta resistência quer destruir,
Quantas portas teima em abrir,
Para despertar o objeto de cobiça?
Porque despe o outro corpo com palavras,
Transpassa a nudez de uma alma,
Tenta o calor emergir?
Mesmo sabendo que se deita,
No colo de uma mulher suspeita,
Ele teima em dormir.
Que ela queime seu corpo faminto,
Instaure em você um labirinto,
E nunca ordene precocemente:
- Acorda-te que já vou partir.