COISA DE PELE
Será que tu vieste da Idade Média para em mim fazer presença?
E viajaste desde a Renascença n'algum encanto austral?
Eis a razão plausível acerca da qual dá-se nossa recíproca imanência;
Vertência que não se estanca e sempre avança numa alquimia perenal!
Eu fiz a descoberta mais rara dentre os achados sem igual;
Achei a Pedra Filosofal no reluzir que me fuzila em teu olhar;
O que presumo ser o meio de explicar nosso encaixe de astral;
Mesmo o princípio e o final em nossas linhas a se complementar!
Somos elementos consanguíneos, oxigênio acasalado ao fogo;
As regras e o jogo, a febre e a inflamação;
Somos o enfarte e o coração, a paz e o conforto;
O crime absorto de uma mútua condenação!
E o que dizer da perfeição dos nossos corpos se comunicando?
Na fundição de nossos hálitos se amando, na musicalidade de nossos beijos;
Pães e queijos alimentando nossos gêmeos encantos;
Amor que se esparrama de seus cântaros, peles grudadas por desejos!