COISA DE PELE

Será que tu vieste da Idade Média para em mim fazer presença?

E viajaste desde a Renascença n'algum encanto austral?

Eis a razão plausível acerca da qual dá-se nossa recíproca imanência;

Vertência que não se estanca e sempre avança numa alquimia perenal!

Eu fiz a descoberta mais rara dentre os achados sem igual;

Achei a Pedra Filosofal no reluzir que me fuzila em teu olhar;

O que presumo ser o meio de explicar nosso encaixe de astral;

Mesmo o princípio e o final em nossas linhas a se complementar!

Somos elementos consanguíneos, oxigênio acasalado ao fogo;

As regras e o jogo, a febre e a inflamação;

Somos o enfarte e o coração, a paz e o conforto;

O crime absorto de uma mútua condenação!

E o que dizer da perfeição dos nossos corpos se comunicando?

Na fundição de nossos hálitos se amando, na musicalidade de nossos beijos;

Pães e queijos alimentando nossos gêmeos encantos;

Amor que se esparrama de seus cântaros, peles grudadas por desejos!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 23/02/2009
Código do texto: T1453771
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