APENAS MAIS UM POEMA

As lágrimas foram como as gaivotas.

De saudade não falo mais.

Esgotei os limites de tolerância pelo mundo.

Tudo se perdeu, foi inútil tentar reter.

Não concebo palavras soltas... sem fundamento.

Se sou poeta, se tenho poesia em mim...

esta oculta, bem encoberta pelos colares de pedras,

pedras lançadas em meu rosto.

Hoje sou tudo, até mesmo o oposto,

o paradoxo da verdade.

Ah, vida condicionada ao metabolismo humano,

feita e criada por suas funções.

Mas, um dia, breve, tão breve quanto o vôo das gaivotas,

hei de tomar minhas rédeas,

serei dono das imperfeições,

fazendo-as claras, ineditamente perfeitas.

Verás que sou feito de tudo,

de ontem que não cheguei a ser nada.