SEXTINA- LÁGRIMAS E ROSAS

LÁGRIMAS E ROSAS
Jorge Linhaça

Aquela rosa que eu te ofertei
da cor do amor, vermelho carmin,
num momento de tal felicidade
que marejaram assim nossos olhos
com gotículas de puro cristal
a verterem as nossas gêmeas lágrimas

Ao escorrerem nossas doces lágrimas
frutos da rosa que eu te ofertei
amalgamadas viraram cristal
vermelho cristal da cor do carmin
que refletia a luz dos teus olhos
num brilho intenso de felicidade

Quem me dera que a felicidade
fosse o motivo único das lágrimas
que escorreram depois dos teus olhos
resquícios do amor que te ofertei
Não fosse a dor também cor de carmin
a esvaecer a luz do cristal

E se opaco ficar o cristal
há de ocultar-nos a felicidade;
há de escondê-la num manto carmin;
há de afogá-la em azedas lágrimas,
e aquela rosa que eu te oferte i
já não mais será tão bela aos teus olhos

Por onde andará a luz dos teu olhos
se hoje não mais reflete o cristal?
Se aquela rosa que um dia ofertei
-qual fosse a flor da felicidade-
desfez-se numa torrente de lágrimas
tingindo o peito de rubro carmin

Debele-se a dor! Ressurja o carmim!
Impoluto à luz de nossos olhos,
limpo no orvalhar das mais puras lágrimas,
Ressurja o amor, o mais puro cristal,
renasça a rosa da felicidade
que um dia, feliz, eu te ofertei.

Quando te ofertei, a rosa carmin,
Vi a felicidade nos teus olhos
num belo colar de cristais de lágrimas

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