A serpente alada (de quando o desejo consome)

A serpente alada

(de quando o desejo consome)

Meus olhos te perseguem

Mesclados à luz desta manhã

P´ra te encontrar, onde quer que estejas

Meus braços se estendem

P´ra te abraçar, como uma lufada de vento

Que te refresca, por baixo da roupa quente

Meus lábios se transformam

No fruto carnudo que mordes

Para que te fartes em sua suculência

Contenho, contudo, a serpente alada

Esta que tanto voa quanto nada

E, se for preciso, até rasteja

Ela que é feita de carne e de sonho

Como a faca, a espada, aliada à ferida

Sinta que te persegue esse ser tão bisonho

Como se fosses – e és – a dileta comida

(Djalma Silveira)