POEMA SEM RIMA POSSÍVEL
aconchegada no teu dorso
rasgando luas de claridades ternas
queria dormir agora sobre sua perna nua...
sobre ela,
escorada nela.
recostaria meu corpo
enroscaria meu ventre e pernas
nas suas pernas
e acordaria
com o sol estendido na rede
fio por fio, raio por raio
sem ter como ficar longe,
colada a ti, matando a sede.
sim!
Sua face enredada em meus cabelos
em processo lento
lento como acordar
ouvindo o cantar de um sabiá
ou o suave calor das labaredas
crepitando no fogão à lenha
tocados por eles
o calor, o piar
tão simples! Não há código nem senha.
sorrisos
e dois olhos
dos dois despenca a lágrima
de ouro lapidado, urdida
selando a cumplicidade:
- que bom fazer parte
da minha, da tua vida!