Letras 0573 - A fome

Enquanto caminham levam seus pecados

no corpo sujo de outros iguais,

uma vontade de saber o porquê do desprezo,

homens que não descobriram o sentido da vida.

O sangue goteja em poros semi abertos,

nos pés pedras grandes,

a esperança, empecilhos que o prendem ao antes,

como olhos de crianças redondos como lua.

A orfandade não carece de pais e mães,

como animais soltos caminham sem desejos,

sem interromper gritos de festas absurdas nos palácios,

o coração bate fraco no peito fraco.

Enquanto houver fome haverá silêncio,

nem gritos estridentes em bocas sujas de promessas,

proprietários apenas de uma sombra desgovernada,

vez ou outra divida com o escuro da solidão.

Guardem seus ossos nos cofres de suas casas,

a verdade é uma mentira qualquer que contam,

caminham homens nus de prazer, de seu, a fome

e a morte cravada em dentes coloridos de nicotina.

20/02/2009

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 20/02/2009
Código do texto: T1449315
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