NUVEM DISSIPADA
Tal como a investida de uma lança, foi o mal súbito que atordoou o nosso céu
E vimos se agitar o branco véu, perante a fúria de uma escura ventania
Aquele límpido azul não mais se via e o granizo recaía solidificado em fel
Tristeza n'alma qual lambuzante gel, inferno astral que nosso leito afligia!
O dia parecia alta noite, o sol pediu licença pra fugir
O frio do mau tempo pretendia não partir, as flores desistiram de viver
Não mais parava de chover e o teto da paixão ameaçava ao chão ruir
Chorei ao perceber que não iria conseguir aquela nuvem desfazer!
Mas como o fim desavisado de uma violenta frente fria
O horizonte renovado aparecia de braços dados com o sol regressador
E refloriu nosso jardim de amor, o nosso véu mais uma vez nos recobria
Uma corrente do ar quente da alegria: aquela nuvem finalmente dissipou!
Ficou de pé o nosso abrigo, deixou as marcas da lição
Aquela nuvem de tribulação nos ensinou a dar valor ao horizonte
Já não inunda a tempestade nossa fronte, o nosso amor já é verão
O céu azul ficou por nossa razão e o temporal de nós agora se esconde!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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