Encontre

Encontre

Encontre ao menos teu vulto,

mesmo que este esteja oculto

dentre tantas coisas que escrevo.

Estás em tudo, bem o sabes,

entre as pedras que delineiam meu passar,

entre as flores que cultivo em agreste

terra sedenta por amor, coberta de poluição.

Tente e te encontrarás em vasta extensão

deste existir que passa ao compasso

das desditas, das febris e parcas amplitudes.

Estás em tudo, bem o sabes!...

penetrante e vigorosa como um rochedo,

azul e portentosa qual os mares.

Estás nas pautas, em cada vocábulo,

em toda uma periferia contrastante de luzes.

És única, feita de peça talhada, fostes

angústia daqueles que não tiveram a sorte

de ao menos em sonho serem cobertos,

afagados pelos teus olhos,

duas contas, duas vidas

em minha virtude de escrever-te,

encontrar-te onde bem o sabes que estás...

em meus versos, em minha boca,

cravada em meu peito agreste.