O AÇOITE DA TENTAÇÃO
Há uma refeição sensorial se processando desde quando nos olhamos;
Uma sabotagem nos antigos planos de me manter leal aos meus princípios;
Não mais que de repente me vejo à beira de precipícios, açoitado por sonhos;
Desejos estranhos, sintomas que indicam inesperados vícios!
Se nossos mundos são fronteiras que colidem, por que me invades dessa forma?
Páginas antagônicas de uma história em tese não trariam boas novidades;
Mas sinto todas as tuas potencialidades numa percepção que me assola;
E a única imagem que me consola é tua aparição nas eventualidades!
Teus olhos me provocam e meu corpo sugere o desafio;
A ponto de sentir que é por um fio que sobrevive essa fragilizada sustentação;
Menina que exala tentação, mulher incendiária que atiça o pavio;
Que me abala ao ponto do arrepio, que faz voar meu coração!
O acaso já me deu a leveza de teu toque e a singularidade de teu cheiro;
Queimei por inteiro, sorvi a sensação imaginária;
A distinção de faixa etária parece ser o teu brinquedo corriqueiro;
Por isso tive medo e guardo esse segredo que me esmaga!
Comunicamos muita coisa no silêncio e sei que edificamos um novo idioma;
Que fala na madrugada de insônia, que ignora antagonismos na paixão;
Tenho vontade de tomar-te pela mão, mas a covardia me doma;
Queimo entre dois fogos nessa redoma: um de desejo e o outro de proibição!