A RENDIÇÃO

Se a obra que hoje sou fosse minha, ficaria retido numa afonia;

E ninguém saberia a extensão real dessa lesão;

Que nada tem de autoflagelação e que perda nem seria;

Mas sei que eu me absolviria dessa acidental condenação!

Tropeço involuntário onde tombou minha notória vulnerabilidade;

Que assimilou tamanha amabilidade na proporção de seus aromas;

Precipitando a gestação desses sintomas que adoecem minha serenidade;

Comprometendo a visibilidade das já despedaçadas redomas!

Se tantas vezes afirmei para mim mesmo que me convinha resistir;

Não suportei aquela voz ouvir, uma canção aliciadora;

Numa invasão avassaladora que me obrigou a me render, a desistir;

Para essa pena cumprir, recluso à paixão como masmorra!

De sorte que me acho confuso perante minha óbvia derrocada;

A minha paz foi abalada, a minha guerra é meu presente estado;

Um furto inusitado que se recusa a devolver a minha alma seqüestrada;

Não posso fazer mais nada... Estou apaixonado!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 19/02/2009
Código do texto: T1447227
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