A RENDIÇÃO
Se a obra que hoje sou fosse minha, ficaria retido numa afonia;
E ninguém saberia a extensão real dessa lesão;
Que nada tem de autoflagelação e que perda nem seria;
Mas sei que eu me absolviria dessa acidental condenação!
Tropeço involuntário onde tombou minha notória vulnerabilidade;
Que assimilou tamanha amabilidade na proporção de seus aromas;
Precipitando a gestação desses sintomas que adoecem minha serenidade;
Comprometendo a visibilidade das já despedaçadas redomas!
Se tantas vezes afirmei para mim mesmo que me convinha resistir;
Não suportei aquela voz ouvir, uma canção aliciadora;
Numa invasão avassaladora que me obrigou a me render, a desistir;
Para essa pena cumprir, recluso à paixão como masmorra!
De sorte que me acho confuso perante minha óbvia derrocada;
A minha paz foi abalada, a minha guerra é meu presente estado;
Um furto inusitado que se recusa a devolver a minha alma seqüestrada;
Não posso fazer mais nada... Estou apaixonado!