Vão-se

O sol esmaltava o oceano vazio

Que desenhava ondas fortes sobre as rochas costeiras

E o horizonte pintava ilusões passageiras

Para os dóceis marinheiros que tripulavam o navio

Um teatro fantástico a beira do porto

Iluminava os atores pintados no rosto

E roubava risadas das tímidas faces

Dos senhores pudicos e de ótimos gostos

Preocupadas senhoras de hábitos pobres

De rostos vazios e úmidos malares

Que abanavam seus lenços de muita alvura

Cujas lágrimas refletiam os raios solares

E as mentes perdidas em devaneios sem eira

De guerras sangrentas em terra estrangeira

E as armas em riste que aguardavam seus corpos

E as moças viúvas que aguardavam seus mortos

E mais homens e homens então se despediam

Suas mães, suas mulheres, choravam, sorriam

E um riso nervoso, e um beijo melado

Davam tchaus ou adeus aos homens que partiam

E as nuvens no ocaso cobriam o sol

Iluminavam os rubros e fúlgidos lábios

Que refletiam em suas mentes o arrebol

Tão vermelho e vivo como o fluido sangue

E as cordas desfizeram os laços

E o barco deslizava para longe do cais

Tantas moças e tantos rapazes,

Tantos rostos que iriam se encarar jamais

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 16/02/2009
Código do texto: T1442946