AMOR QUE NÃO MERECE AMOR
O meu olhar te ofereceu o mais intenso brilho da paixão;
Achei-me em voluntária escravidão, servi aos teus caprichos de rainha;
Fiz dos lábios meus a tua vinha, flori tua desertificação;
Fui música feliz na tua solidão, porém por tua decisão, jamais tu foste minha!
O bálsamo nas chagas de teu ferido interior fui eu;
Quem o melhor de si te deu, que se viu desnudo em teu favor;
Até me dei em tua troca por ocasião de tua dor, eu a mim mesmo desprezei;
E o teu sorriso foi a semente que plantei, mas não colhi o teu amor!
Os muitos dardos dirigidos contra ti tombaram sobre mim;
E no meu próprio rim filtrei a lágrima carmesim de teu sofrer;
Morri em prol de teu viver, comprei teus recomeços com meu fim;
Mas nem assim julgou teu coração que fiz por onde o merecer!
E quando eu já te dava os universos, o teu descaso sem aviso me abandonou;
Por muito tempo me deixou, até que enfim considerou a minha validade;
Arrependeu-se e até chorou quando bateu saudade, mas retornando quase não acreditou;
A fila andou e em seu lugar achou quem me doou tudo que me negou sua maldade!