Cárcere Interno
Sinto-me prisioneira de mim mesma,
Enjaulada na minha própria existência,
Acorrentada a mim mesma,
Alienando a minha consciência,
Cercada de grades que não consigo ver,
Amordaçada pelas feridas que não consigo sentir,
Sou uma estatua querendo viver,
Congelando um momento para sorrir.
Sinto-me uma sombra de mim mesma,
Vivendo pelos cantos da minha escuridão,
Esperando uma oportunidade para mim mesma,
Atropelando os dias através de uma ilusão,
Freando os meus sonhos para não caírem,
No terrível vale da realidade, da racionalidade,
Para num sono profundo eles não dormirem,
O pesadelo da minha ingenuidade.
Sinto-me abandonada por mim mesma,
A mercê das minhas próprias maldades,
Sozinha e solitária por mim mesma,
Alimentando-me dos restos das outras crueldades,
Invadindo o espaço dos meus desejos e pensamentos,
Transformando-os em pequenas vontades,
Como castigo por serem fruto dos meus sofrimentos,
Escondendo de mim mesma as minhas verdades.
Sinto-me esquecida por mim mesma,
Respirando os ares da minha infâmia,
Desistir de viver por mim mesma,
Para viver pelos outros as suas fábulas,
Perdi vários dias em meio a lágrimas,
Assassinando meus próprios dráculas,
Para nutrir as minhas esperanças mínimas.