Notas Tristes
De repente, faltou você.
No meio da noite, o branco.
E tudo ficou estúpido
Como qualquer coisa estúpida.
Veio o choro.
Doeu um pouco.
E passou. Quieto o soluço de sempre.
Dormi, até.
E nem pensei mais em você.
Mas vieram outros dias, outras noites,
E, de repente,
Faltou você de novo.
Já era tarde como sempre.
Todos estavam, de alguma forma,
Dormindo, exaustos, perfeitos...
E eu...
Descontinuadamente...
...estúpido? Sim. Vulgar.
Depois mais choro, mais,
( dessa vez durou
bastantemente, aos úmidos travesseiros)
E passou, novamente.
Veio o sono, mas não dormi.
Pensei um bocado em como
Sua presença era boa,
Em como seu corpo era gostoso,
Em como você era diferente...
Não pensei em mais nada depois.
Dormi - já era tarde. Profundo.
Viajei, briguei e namorei sem sua presença.
As coisas pareciam normais,
Do modo que devia estar.
O mundo meu mundo do jeito que é. E mais nada.
As coisas importantes eram
Esquecidas imediatamente,
E um amontoado de frivolidades
Fui engolindo, devorando,
Com uma falsidade surpreendente.
Tudo era aparentemente bom, saudável.
A vida parecia bonita.
Não, no entanto.
Eu sabia ser diferente.
Esperei, e veio a saudade,
A lembrança do menino
Que havia perdido
Em qualquer canto imundo,
Numa sala quadrada
De gente imunda.
Mas a dor, novamente, chegou.
Pensei em suicídio e em notas tristes...
Ficou este último,
Que é sempre mais amargo
E não menos difícil.
De tudo, a renúncia.
Depois, o flagelo.
E você,
Para sempre,
Esquecida.
(Die)