DESEJO de Carne

Os dois saíram da conduta esperada

Ela vestia saia bem micro

Ele calça de algodão branco e lenço vermelho

O arranjo era florido e ambos iriam sambar

Curtir a noite no bloco mais animado, o que vier!

O tempo prometia chuva e muita folia

Tudo vai bem e vem depressa o carnaval

Haveria também a vez do olhar ao outro

E talvez, algum aperto, ou exagero,

Mas o calor era mesmo insuportável!

O dia prometia incertezas alem do grito

O desejo de carne foi implodindo

Veio de fora para dentro, suportando

Os corpos colados e suados no amasso

O apertado bloco confundindo as pessoas

As cores brincavam de esconder aos seios à mostra

Os beiços queriam mesmo, beijos e carícias

Era uma delícia essa marchinha nos quadris

Rima misto quente e paixão!

O desejo da tempestade aflorando no amor

O povo bulia nas coxas da moça de vontade

O destempero era apimentado no rapaz inseguro

O mascarado pedia explicações sem demora

A moça se desligava em cantigas animadas

O bloco agitava a avenida dos impulsos

O homem apoiou-se na Índia morena

A mulher agarrou de uma vez o Super-homem

E a festa era para lá de Riacho doce

E cada um salgando o seu lado da margem

A festa nunca acaba sem confetes

A vida continuou até quarta-feira

Onde há cinzas, com certezas, do casal.