DILACERANTE AMOR
Sugere a volúpia que nesse afogamento eu alcanço a plena vida;
Que ela me enriquece quando me endivida, que me enaltece quando me destroça;
Ela triunfa e nem se esforça, quando me expulsa me convida;
Todos os dias de mim ela engravida, quando a vontade se esboça!
Ela é rasteira por meus ares, é o infinito em capítulos;
Nomeia meus sigilosos títulos, unge meus pecados com suor;
Oferece-me todas as mulheres nela só, me anexa aos seus caprichos;
Cinge meu delírio em seus suspiros, ata meu prazer junto a seu nó!
Ela é bondosa justo quando impiedosa, acaricia com massacre;
Faz jorrar um puro mel do suco acre, faz o céu andar em chão terreno;
É antídoto à base de seu veneno, é embriaguez implosiva do lacre;
Ela é fortuna escondida no saque, é convite na malícia do aceno!
Como o laurel de pura exageração, é todo fruto que o amor me atribui;
O paraíso é todo algo dela onde não fui, porém que logo irei;
O ecletismo magnético que eu não mensurei, a inserção que me exclui;
Deusa que em meus sonhos se institui, crime de amor a que me condenei!